segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Do Conservatório Dramático Musical de São Paulo à Praça das Artes

 


São Paulo transborda cultura, música, eventos, de tudo um pouco, encontramos pela cidade. Desde sempre foi assim, tanto que, no fim dos anos de 1900, ganhamos um Conservatório Dramático Musical que viveu anos de glória e hoje se tornou a Praça das Artes.

sp antiga 1 - Do Conservatório Dramático Musical de São Paulo à Praça das Artes

O Conservatório Dramático e Musical de São Paulo foi a primeira escola superior de música erudita e artes dramáticas da cidade, localizado em uma região muito nobre da cidade, onde hoje é a Avenida São João, em um prédio que já tinha muita história para contar, oferecia bacharelado em música, com habilitação em composição, instrumento, canto, regência e também em arte dramática, cujo foco era a formação de atores.

pinterest 4 - Do Conservatório Dramático Musical de São Paulo à Praça das Artes
Conservatório Dramático Musical em 1915

Surgiu em 1906, na Era do Café, quando a cidade crescia a passos largos, recebia estrangeiros, filhos de barões do café, que procuram por uma formação de excelência. Um de seus alunos mais ilustres foi Mário de Andrade, que também foi mestre no Conservatório. O Conservatório nasceu em 1906, alugando uma casa que pertencia à Marquesa de Santos, mas, foi em 1909 que se mudou para o prédio onde viveu seus anos de glória.

biblioteca digital luso brasileira e1517489377998 - Do Conservatório Dramático Musical de São Paulo à Praça das Artes

Fundado em 1886 pelo industrial Frederico Joachim, que era representante da marca de pianos Rudolph Ibach Sohn desde 1891, e posteriormente da Steinway & Sons, o prédio foi construído para ser um estabelecimento comercial, em seu andar térreo tinha pianos em exposição, para venda, e o no primeiro andar, o Salão Steinway, onde aconteciam concertos de música erudita e eventos literários e artísticos.

alesp e1517489456751 - Do Conservatório Dramático Musical de São Paulo à Praça das Artes

O Conservatório Dramático e Musical, se viu em busca de um novo local para se estabelecer, quando teve que desocupar a casa da Marquesa de Santos, que estava a venda. Por cem contos de réis, e a ajuda da prefeitura, comprou o prédio que fora de Joachim, e o transformou em sua escola. Nesta época, o salão Stenway, já era o Salão Carlos Gomes.

biblioteca digital luso brasileira e1517489377998 - Do Conservatório Dramático Musical de São Paulo à Praça das Artes

O prédio foi comprado e se tornou a casa do Conservatório em 1909. Entre o final do século XIX e início do XX, São Paulo se consolidava na cena cultural do Brasil, muitas peças vindas da Europa para apresentação na então capital, Rio de Janeiro, faziam também uma temporada na capital paulista. Com isso, diversos grupos de artistas formavam-se pela cidade, que necessitava cada vez mais de uma boa escola para atores e músicos, assim, o Conservatório viveu anos de glória, com muitos alunos e professores renomados.

noticiando hoje - Do Conservatório Dramático Musical de São Paulo à Praça das Artes

O curso era inspirado nos moldes europeus, com aulas noturnas, das 18 às 21 horas, com 3 anos de duração e aulas como italiano, português, história, poética, coreografia brasileira, dicção, estética, expressão, vestuário, representação coletiva, história do teatro, psicologia, esgrima e muito mais. O curso de música tinha duração de 5 anos e também tinha aulas de língua estrangeira.

mata hari e1517489963712 - Do Conservatório Dramático Musical de São Paulo à Praça das Artes

De 1910 a 1932, o conservatório formou 1.411 alunos, sendo que 80% eram formados em piano, instrumento muito admirado naquele momento. De 1930 a 1940, o número de matriculados foi caindo, sendo que em 1921 eram 6.900 e em 1932, 1311 alunos, em 1943 foram apenas 377.

panoramio e1517490015355 - Do Conservatório Dramático Musical de São Paulo à Praça das Artes

Entre 1942 e 1943, o Governo de Getúlio Vargas determinou uma intervenção no Conservatório, os professores de origem italiana e alemã foram afastados sob suspeita de estarem envolvidos com o fascismo, algo que nunca foi confirmado.

pinterest3 - Do Conservatório Dramático Musical de São Paulo à Praça das Artes

Com muitas dívidas em tributos, e poucos alunos, em 2008 a prefeitura de São Paulo adquiriu o prédio onde estava o conservatório dramático e musical, que é tombado pelo CONPRESP e pelo CONDEPHAAT.

o pentagrama - Do Conservatório Dramático Musical de São Paulo à Praça das Artes

Atualmente, o espaço é parte da Praça das Artes (conheça mais sobre ela aqui), em seu piso térreo há uma sala de Exposições e no andar superior, a sala do Conservatório, onde acontecem apresentações de música e é também a sede do Quarteto de Cordas da cidade de São Paulo. O acervo do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo foi levado para a Biblioteca Municipal Mário de Andrade. O prédio foi restaurado e está belíssimo, esperando pela visita de cada um de nós.

Serviço:
Praça das Artes
Endereço: Avenida São João, 269

sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

O “pai” dos ônibus articulados: a história do “papa-fila”

 



Não faz muito tempo que mostramos a curiosa história do “Fofão“, ônibus de dois andares que veio para “resolver” o problema da mobilidade de São Paulo. Essa alternativa, que circulou por aqui no fim da década de 80, não foi a primeira tentativa milagrosa para oferecer melhores condições de transporte aos paulistanos.

Quase 30 anos antes da ideia de Jânio Quadros, entre os anos 50 e 60, uma ideia pareceu despertar um grande furor no poder público de cidades como São Paulo, São Bernardo do Campo, Santos, Porto Alegre, Brasília e Rio de Janeiro: os gigantes papa-filas, que nada mais eram do que carrocerias para passageiros movidas por um caminhão.

Segundo registros, o novo veículo transportaria 60 pessoas sentadas, o que era uma conquista para o padrão de mobilidade pública da época.

O conceito do “papa-fila” é americano e foi desenvolvido durante o período da Segunda Guerra Mundial. O transporte foi criado para deslocar funcionários da GM e em casos extremos, tropas de combate.

No Brasil, para construir o veículo, duas empresas assumiram o desafio: a FNM e a Massari, que era de São Paulo, e fazia as carrocerias. Essa empresa, inclusive foi fundada em 1953, e era especializada em carrocerias de caminhão. A ironia é que, seu primeiro grande desafio, era o de fabricar carrocerias para transportar pessoas e não carga.

Diante desse pequeno histórico, a Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC), decidiu que os “papa filas” seriam úteis para São Paulo e decidiram investir nesse modal. A companhia, logo de cara, comprou 50 unidades. Os “papa-filas” paulistanos receberam carrocerias de fabricantes como Caio, Cermava e Grassi.

A estreia dos veículos foi em março de 1956, com destaque para a viagem inaugural sendo feita pelo então prefeito Lino de Matos. Nem é preciso dizer que as expectativas eram enormes para esses “caminhões – ônibus”, né? E no começo, pelo que pudemos apurar, viajar por eles era uma grande aventura.

Entretanto, com o tempo, o veículo se mostrou inviável para a cidade. Eles eram lentos, barulhentos e desconfortáveis. Os balanços eram constantes e era complicado para os motoristas os dirigirem e manobrarem. Algumas unidades de Papa-Fila rodaram pelo Brasil em transportes urbanos até os anos 1970.

Vale o registro que, após serem aposentados dos sistemas urbanos, diversas empresas os adotaram como meio de transporte para funcionários.

Segundo o blog “Diário do Transporte”, entre as empresas que utilizaram papa-filas para os funcionários estavam a CBT – Companhia Brasileira de Tratores, de São Carlos; Camargo Correa para construir a Usina Hidrelétrica de Tucuruí, no Pará; a Usiminas, em Ipatinga; e a fábrica de bicicletas e máquinas de costura Mercantil Suissa, de São Bernardo do Campo.

A maior contribuição do veículo, com certeza, foi a de ser um ponta pé importante para que os transportes de maior capacidade fossem discutidos no Brasil. Ele pode ser considerado o “pai” dos ônibus articulados, que só seriam produzidos a partir doa no de 1978.

Grátis! Exposição interativa sobre Ayrton Senna acontece no Parque Ibirapuera SP

  Uma nova  exposição  imersiva no  Parque Ibirapuera , em São Paulo, celebra o legado do ícone do automobilismo,  Ayrton Senna . Famílias e...